[Produzido pela equipe da Biblioteca – Quinta de Luz]
É inquestionável a assertiva de que vivemos numa época de grandes avanços científicos e tecnológicos que, infelizmente, não repercutem de forma proporcional e satisfatória no campo da moral e ética dos homens.
Com efeito, a dura realidade do mundo atual, a nível de consciência humana, mostra-nos as intermináveis contendas políticas e religiosas, que geram guerras sangrentas entres os povos do mundo; a desigualdade social crescente, ocasionando o aumento da fome e da mortalidade entre os grupos menos favorecidos; o desmatamento como fruto do descaso pelas dádivas da natureza e as inumeráveis ações desrespeitosas e invasivas do direito alheio praticadas uns contra os outros.
São situações da vida cotidiana que embrutecem os homens, fazendo-os enxergar os seus semelhantes como os oponentes a serem vencidos, derrotados, abafados em suas individualidades a qualquer preço e não como, realmente, deveriam ser: companheiros da jornada que têm muito a contribuir em suas descobertas e práticas cotidianas.
Surge então a necessidade de um norte regulador da conduta humana, que desperte em cada um a consciência moral dotada do senso de justiça que os levem a tratar o semelhante como gostariam de ser tratados.
Seguindo esta linha de pensamento, podemos concluir que ninguém em sã consciência deseja algo de ruim a si mesmo, logo o desejo predominante será o de bem para todos e entre todos.
A regra do bem proceder, isto é, de distinguir o bem do mal, funda-se na observância da lei de Deus. O homem procede bem quando faz tudo pelo bem de todos, porque então cumpre a lei de Deus.
(KARDEC, A. O Livro dos Espíritos. Questão 629)
E como distinguir o que é bom ou ruim para nós mesmos ou para o nosso próximo?
Em cada grupo social há condutas aceitáveis ou não a serem observados e adotadas por seus integrantes, numa escala valorativa que taxa pensamentos e ações como bons ou ruins.
Neste caso, podemos afirmar que os valores morais são uma espécie de “código de conduta”, que diz como os indivíduos devem se comportar dentro do grupo social ao qual pertencem, de forma a integrar-se e adequar-se, satisfatoriamente, a ele.
Na Doutrina Espírita, esse “código de conduta” se relaciona, diretamente, a observância das Leis de Deus, grafadas na consciência de cada ser humano, que os fará melhorar física, emocional, psíquica e afetivamente, de forma gradativa, a cada experiência vivenciada ao longo do tempo, independente da sociedade a que esteja ligado e as suas condições pessoais.
Onde está escrita a Lei de Deus?
“Na consciência.”
a) Visto que o homem traz em sua consciência a Lei de Deus, que necessidade havia de lhe ser ela revelada?
“Ele a esquecera e desprezara. Quis então Deus lhe fosse lembrada.”
(KARDEC, A. O Livro dos Espíritos. Questão 621)
O bem é tudo que é conforme à lei de Deus, e o mal é tudo o que dela se afasta. Assim, fazer o bem é proceder de acordo com a lei de Deus, fazer o mal é infringir essa lei.
(KARDEC, A. O Livro dos Espíritos. Questão 630)
Falar sobre a moral dentro do espiritismo é falar do próprio Cristo, a Doutrina Espírita nos ajuda a “relembrar” a Lei de Deus, por vezes, adormecida em nossas consciências, auxiliando ainda a humanidade a não se distanciar e nem se desviar das diretrizes deixadas por Ele.
Sabemos, porém, que a Doutrina Espírita, por si só, não representa a solução para todos os problemas em relação a moral. Ela nos aponta possíveis caminhos, proporcionando reflexões que devem sempre ser somadas aos conhecimentos ofertados pelas filosofias e pelas as ciências.
As práticas evangelizadoras dentro dos centros espíritas, mais do que aulas/estudos, devem ser o cerne de todas as ações, contribuindo assim para o desenvolvimento intelectual e moral e dos espíritos encarnados e desencarnados.
Como ainda não somos capazes de amar antes de fazermos todas as nossas ações, não desprezemos, então, os ensinamentos que nos possa ajudar a ser e a fazer o nosso melhor. Observemos também, o que nos fala o Espírito Verdade:
É preciso fazer o bem no limite de suas forças, porque cada um responderá por todo o mal que resulte do bem que não haja feito.
(KARDEC, A. O Livro dos Espíritos. Questão 642)
Para estudar a Moral
Durante a Live #9 A Moral Espírita, que a nossa dirigente Alexsandra Vieira realizou em 16 de julho de 2020, no Instagram da Quinta de Luz, foram citados alguns livros que podem nos ajudar no aprofundamento do assunto. Colocamos aqui para você:
ESTUDOS ESPÍRITAS
Autor: Divaldo Franco
Autor espiritual: Joanna de Ângelis
LÁZARO REDIVIVO
Autor: Francisco Cândido Xavier
Autor espiritual: Irmão X
Cita o Capítulo 31
O LIVRO DOS ESPÍRITOS
Autor: Allan Kardec
Ano de Lançamento: 1857
Questões apresentadas: 629, 630, 634 636, 642, 643.
A GÊNESE
Autor: Allan Kardec
Ano de Lançamento: 1868
Cita o Capítulo XVIII.
Bom estudo! Paz e Luz!
Excelente texto, conduzindo-nos à elevação de nossos pensamentos, inaugurando perspectivas abrangentes da problemática humana e seu tempo histórico, construindo pontes entre o mundo material (tão pragmático e imediatista) e espiritual para as pessoas do nosso tempo e lugar, vitimadas em grande número pelo vazio ou desalento em escala ascendente. Doenças mentais, emocionais e físicas, são resultado desse desgaste da consciência, ao mesmo tempo que despertam nossa vontade de “acertar” o caminho de “volta” ao Pai (como na parábola do Filho Pródigo).
Nesse contexto, a abordagem acima, vem lembrar aos esquecidos e apontar aos iniciantes, uma possibilidade real de resgate da própria vida e de seu significado Maior.
E se tudo isso não bastasse para agradecermos o empenho generoso dessa equipe da Biblioteca do Quinta de Luz, ainda brinda-nos com ‘indicações’ de leitura, o que vem facilitar, em muito a busca aqueles que margeiam o imenso manancial de instrução e formação espiritual, âmbito imprescindível nessa jornada de iluminação. Parabéns!