É tempo de escutar

23 - 08 - 21

Vivemos em uma sociedade que preza amplamente pelo desenvolvimento da habilidade de falar, que nos incentiva a expressar aquilo que queremos, que destaca a necessidade de comunicar-se claramente. Mas já parou para pensar que nenhuma interação é feita somente do lado que fala? Para que exista um diálogo, é necessário que haja duas partes envolvidas no intuito de dividir aquele momento. Enquanto uma delas é a que fala, a outra deve ser a que escuta e, assim, a conversa flui numa alternância de papéis. Parece simples, não é? Acontece que devido à valorização já citada da fala, às vezes não desenvolvemos a capacidade de escutar verdadeiramente aquele outro, e, da mesma forma, podemos sentir que também não somos escutados e compreendidos, fazendo com que nossos encontros se tornem junções de monólogos, desinteressantes e pouco agregadores. 

Ouvir faz parte do cotidiano de muitos, está entre aqueles sentidos que se apresentam desde a tenra idade e, apesar de parecer tão natural quanto o caráter conjunto do diálogo, não trata-se de um sinônimo do que significa escutar genuinamente os nossos semelhantes. Escutar depende do desejo, da vontade, da disponibilidade. É a junção do sentido com a sensibilidade. Vamos ver se faz sentido por aí? 

Pensemos juntos: Quando foi a última vez que você se sentiu escutado? Você tem investido tempo para escutar aqueles com quem convive?

Escutar é importante?

Mas, por que será que é tão importante sentir-se escutado e escutar o outro? Quando nos mostramos atentos, simplesmente interessados na função de escutar aquela pessoa, estamos oferecendo a ela algo muito mais poderoso do que uma solução, um julgamento, uma crítica. O acolhimento. No momento em que nos despimos de nossas peles para vestir a do outro o abraçamos, ainda que metaforicamente, e evidenciamos que estamos presentes para tentar entender e sentir o que ele deseja expressar. E isso significa que, nessa relação de parceria, ninguém está sozinho.

Sabe aquela sensação gostosa de saber que tem gente no mundo que nos quer incondicionalmente bem? Talvez pensar nela seja um bom caminho para refletir o valor das situações de escuta. Não é novidade que ainda estamos vivendo tempos em que o distanciamento social é extremamente necessário, fazendo dessa fase um período delicado, de vulnerabilidade, que pode despertar um sentimento de solidão, devido à falta do contato físico. Se pensarmos no que vimos traçando ao longo dessa conversa e relacionarmos com o momento de pandemia, é possível perceber como a escuta pode ser uma aliada importante no combate à distância que impõe o isolamento. Esse sentir-se compreendido tem não só poder como também evidências terapêuticas. 

Um bom ouvinte

Agora que já entendemos a relevância da habilidade de escutar, que tal pensarmos um pouco no que é necessário para ser um bom ouvinte? Apesar de não sermos muito incentivados, nunca é tarde para aguçar a escuta atenta e cuidadosa. Você vai precisar de: disponibilidade, atenção, desejo e sensibilidade. Todas essas palavras já foram citadas por aqui, é verdade, e isso só mostra o quão fácil é dividir momentos sinceros. O ponto forte está em fazer-se sensível ao outro, levando em conta sua expressão, seu tom de voz, suas palavras e seus sentimentos. 

Ser capaz de escutar fala muito de quem somos, da nossa capacidade de doação, de gentileza, de envolvimento, e tudo isso é refletido diretamente nas nossas relações. E tem uma em especial que pode ser extremamente afetada com a falta de um momento dedicado ao calar e ao escutar, a relação com Deus. Além de ser o ouvinte perfeito, quando em sintonia, podemos escutar o que ele tem a dizer. Vale sempre silenciar e oportunizar essa conversa em momentos como o evangelho no lar, a oração de cada dia ou sempre que nos parecer oportuno. A escuta traz possibilidades incríveis, cabe a nós termos o discernimento de aproveitá-las.

No vídeo abaixo, Josy Vicente nos convida a pensar tudo isso e mais um pouco. De forma leve e reflexiva, ela nos traz a possibilidade de ponderar nossas atitudes em prol da manutenção saudável de nossas relações. Dá o play!

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