Viver a vida ou deixá-la passar?

14 - 05 - 20

Márcio França

Li certa vez esta frase que me causou grande reflexão: “Temos dentro de nós recursos e potenciais ainda adormecidos. Despertar os poderes de comunicação e de liderança da própria vida e buscar uma harmoniosa unidade entre espírito, mente e corpo é o nosso grande desafio”.

Embora sejamos um ser divino em essência, nos subjulgamos ao ponto de não nos permitir desenvolver todos os talentos adormecidos em nós. Verdadeiros recursos que possibilitariam uma vida diferenciada, tanto no pessoal, quanto familiar e de grande valia nesta necessária somatização de vivências na construção de nossa estrutura social. 

Poderíamos, sem dúvidas, usar da criatividade inerente aos seres humanos para transformar as estruturas sociais, permitindo experienciar à vida de forma mais eficaz, mais harmônica e mais salutar. 

As nossas experiências são, em sua maioria, baseadas no conhecimento empírico, ou seja, nas situações vivenciadas no dia a dia e no acesso às informações do passado, que possibilitam a formação de nossa estrutura emocional, psíquica, ideológica e de todo o campo que permeia a integralidade de nosso ser, porém se não forem bem refletidas, terminam por limitar o olhar criativo, impedindo que novas conquistas e novas vivências se apresentem.

A vida sempre se mostra para nós, conforme nos mostramos a ela, pois somos frutos de nossos pensamentos, palavras e atos, onde cada um desses fatores fundamentam as obras de nossas existências. Comumente encontramos nos livros da codificação e em diversas obras espíritas e de autoajuda, menções ao uso edificante desses fatores, como chave crítica para o sucesso na vida. Há alguns anos atrás, li no livro de Lauro Trevisan, Pode Quem Pensa Que Pode, alguns relatos do autor, que ilustrava este poder interior acionado pelo pensamento, como uma criação simples e fácil da mente que constitui um meio para realizar os grandes sonhos, alcançando os objetivos de cunho material, curativo, da manutenção salutar da saúde, aperfeiçoamento dos nossos talentos e da completude de nossa personalidade.

Porém, alguns ainda permitem que a vida seja apenas uma mera e insensata passagem, como parafraseado na música de Zeca Pagodinho “Deixa a vida me levar, vida leva eu…” onde o ser deixa de ser o responsável pela qualidade de sua vivência terrena, permitindo que a casualidade lhe roube o destino, suscitando a ocorrência de muitas dissensões e desgastes de toda natureza. Além de que, passa a maior parte do tempo reclamando da própria colheita ou contemplando a seara alheia.

Aos que buscam o caminho edificante do trabalho espírita, nos cabe a reflexão de nosso papel como trabalhadores da última hora, promovendo o despertar daqueles que ainda estão perdidos pelo caminho. Para estes, sejamos a luz do farol, responsabilidade que impele a reforma íntima, a observância constante de nossas obras, a coragem e a atitude da caridade por meio da ação renovadora e motivacional, como forma de auxílio invisível aos que nos são a chave de nossa própria redenção. 

A misericórdia divina nos oferta as possibilidades de mudança, a todo tempo, nos inspirando a transformação que surge como um sopro de esperança, que reclama apenas a inércia do medo que paralisa ou da vergonha que tem por trás apenas e tão somente o mesmo medo, só que de uma rejeição, causada pela expectativa alheia, furtando-nos a grata satisfação de um luminoso acerto. 

Todavia a nossa sorte é que não há nada certo, seguro ou estabelecido, a não ser o próprio propósito de evolução, permitindo assim a nossa movimentação em busca de dias melhores, de sorrisos completos e de construtivas edificações. Se olharmos bem ao nosso redor tudo se transforma rapidamente, a tecnologia, a informação, a comunicação intra e interpessoal movimenta a estrutura do planeta impactando a todos, numa velocidade nunca antes alcançada, porém enquanto alguns agem, outros reagem e há aqueles que ainda permanecem inertes e atônitos sendo tão somente envolvidos. 

Há algum tempo escrevi um texto que gostaria de dividir com vocês:

“Sutileza… Somos muitos pequenos diante da criação…

Nossos sentimentos, que transforma e nos impelem os desejos, são os mesmos que permitem a razão em sua magnitude, transformando nossos atos em sementeiras que, por sua vez, do menor ao maior, nos acarretam colheitas fartas… 

Sejam elas de bons ou maus frutos, tudo em nome da própria qualidade da semente…

Coragem é coisa difícil, principalmente quando nos deparamos na encruzilhada do sacrifício da verdade, pois somos pequeninos ante a grandeza do destino, daí ser verdadeiro é olhar para dentro e reconhecer as nossas limitações, caminhos que nos clama a humildade, labor da terra, que se afigura a chama do árduo e exaustivo semeador…

O vento que nos impulsiona a caminhada é o mesmo que limpa o caminho ou o que traz de volta a poeira que cega, para que, ao cegar os olhos os outros sentidos possam agir em consonância com o que de fato devemos erguer…

Oh vidão de meu Deus… Caminho que a erraticidade prepara para nos servir de possibilidades da estrutura da salvação que, com menos desvios, somam-se os pontos da prova exaustiva da reencarnação…. 

Vida é viver com integridade. Vida é vivenciar os obstáculos que nos impulsionam a prosperidade, que nela surge, meiga e singela, na grandeza daquele que nos criou e nos ampara para sermos a luz que trará, de forma sublime, a chama que abarcará o caminho dos irmãos menos enfermos… 

Em sucessão aos que de longe adiantaram-se, porém, ao ponto de permanecer na labuta da edificação da orbe planetária chamada GAIA… TERRA!!!

Cristo em glória, Maria em glória, Deus em glória, Santos Espíritos em glória… 

Amor na caridade, carinho e respeito na doação”.

1 Comentário

  1. Maria do Socorro Rodrigues da Silva

    O que comentar diante de um texto como esse? Eu digo: Sutileza…..Sou muito pequena diante do criadorrrrr!
    Parabéns, meu amigo Márcio. Sem palavras para tamanha profundidade desse texto. Muito reflexivo!!!

    Grande abraço, saudades!!!!

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